Num tem coisa mais gostosa,
qui dêxe eu mais inxirido,
no forró de chão batido,
do qui um xêro no cangote.
Ao som d'um gostôso xote,
de tudo, o cabra s'isquece.
Cum seu pá disaparece,
in procura d'um serrote.
Se o xêro é na cavalêra,
no seu vistido rodado,
p'ru debaixo duis babado,
se arrupêia tôdinha.
No iscuro, no cumpanhêro,
pede ôto xêro, de nôvo,
e uis dois se sôme duis pôvo,
pura porta da cunzinha.
É xêro, abraço apertado,
ela in nêle e êle in nela,
qui numa hora daquela,
só quere sabê de amô.
Tendo pru quilaridade,
a luz do luá, somente,
e uma istrêla cadente,
manda p'ru inferno o pudô.
Antes do fim do forró,
nêsse momento preciso,
uis dois vorta cum um surriso,
e cada oiá mais profundo.
Uis dois entra no salão,
cum uis amigo se depara,
cada um apresenta a cara,
mais dirlambida do mundo.
E se acauso se passô,
o qui aqui eu tô pensando,
vão logo se perparando,
qui eu vô dizê prá vocêis:
O resurtado e o produto,
dêsse xêro no cangote,
preste atenção e anote;
só dispôi de nove mêis!...
Bob Motta, poeta de Pau dos Ferros (RN).
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