10 junho 2009

Poesia POTIGUAR


Num tem coisa mais gostosa,
qui dêxe eu mais inxirido,
no forró de chão batido,
do qui um xêro no cangote.
Ao som d'um gostôso xote,
de tudo, o cabra s'isquece.
Cum seu pá disaparece,
in procura d'um serrote.

Se o xêro é na cavalêra,
no seu vistido rodado,
p'ru debaixo duis babado,
se arrupêia tôdinha.
No iscuro, no cumpanhêro,
pede ôto xêro, de nôvo,
e uis dois se sôme duis pôvo,
pura porta da cunzinha.

É xêro, abraço apertado,
ela in nêle e êle in nela,
qui numa hora daquela,
só quere sabê de amô.
Tendo pru quilaridade,
a luz do luá, somente,
e uma istrêla cadente,
manda p'ru inferno o pudô.

Antes do fim do forró,
nêsse momento preciso,
uis dois vorta cum um surriso,
e cada oiá mais profundo.
Uis dois entra no salão,
cum uis amigo se depara,
cada um apresenta a cara,
mais dirlambida do mundo.

E se acauso se passô,
o qui aqui eu tô pensando,
vão logo se perparando,
qui eu vô dizê prá vocêis:
O resurtado e o produto,
dêsse xêro no cangote,
preste atenção e anote;
só dispôi de nove mêis!...

Bob Motta, poeta de Pau dos Ferros (RN).

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