16 junho 2009

Garoto FINALZINHO

Finalzinho era mais um garoto pobre que estudava em escola de burguês graças a uma bolsa de estudos. Ele tinha esse apelido graças ao seu péssimo hábito de pedir o "finalzinho" dos lanches aos seus colegas na hora do intervalo. Um belo dia, um burguês metido, juntou três amigos e pôs em prática um plano cabuloso: Urinar dentro de um vasilhame de refrigerante e oferecer ao infeliz pidão.

Entre os amigos, estava esse narrador, medroso, tímido, que só queria fazer parte da turma a todo custo. Embora não tivesse simpatia por Finalzinho, achei a idéia tosca, porém não fiz nada para impedir o desatino. O plano deu certo, o garoto bebeu a urina achando que era guaraná e obviamente passou mal. A bizarrice nos rendeu 3 dias de suspensão e um baita sermão do diretor da escola.

Dias depois, procurei Finalzinho e lhe pedi desculpas, porém a iniciativa, fez com que ele achasse que eu era o mentor do refrimijo. Ele nunca mais me dirigiu a palavra. Fiquei com um peso na consciência durante um bom tempo, até reencontrar Finalzinho hoje, depois de quase 20 anos do ocorrido. Foi durante uma consulta em domicílio. Ele tinha um labrador chamado Killer que precisava de vacinas.

É óbvio que eu não sabia que se tratava do cão de Finalzinho e ele, é claro, não sabia que o veterinário era o suposto camarada lhe fez beber mijo. Ele me reconheceu e me estendeu a mão. Tentei ensaiar um novo pedido de desculpas ele sorriu encerrando o constragimento. Relembramos o fato com gargalhadas e eu finalmente lhe contei sobre o verdadeiro mentor.

Finalzinho se deu bem, é homem feito, mora uma bela casa, tem mulher e dois filhos, formou-se em Direito e virou Procurador da República. Me apresentou seu filho, Finalzinho Júnior, cagado e cuspido o pai. Nos despedimos em tom de amizade eu sai do condomínio em êxtase sem acreditar na peça que o destino havia me pregado. No mais, salve, salve Finalzinho pela brilhante volta por cima!!

2 comentários:

Bony Daijiro Inoue disse...

Eu acho bacana quando esse tipo de coisa ocorre. Não falo da tosca pegadinha de moleque, falo do menino pobre que ascende socialmente.
Agora é torcer para que ele não se esqueça da origem humilde, e cumpra seu papel como agente transformador da sociedade. Igual a eu e você.

Alexandre Disraelly disse...

Pois é. Gostei do "agente transformador da sociedade".