12 agosto 2009

Quem NÃO deve, NÃO TEME

Ontem uma viatura de DEICOR (Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado), me abordou na porta de meu domicílio e me entregou uma Intimação. A ordem era comparecer a delegacia em 24h para assunto de meu interesse. Ora, fiquei imaginando o que eu, um humilde tratador de boga de poodles, teria para resolver em uma delegacia.

Massa, intimação em mãos, me dirigi a repartição policial, afim de esclarecer que danado era essa história. No caminho fiquei matutando o juízo e procurando uma explicação para aquela situação no mínimo inusitada na minha vida. "Será que é por causa do baseado que fumei no 3o. ano de faculdade durante uma calourada há sete anos? Não, isso é loucura. Eu nem sei tragar!", pensei a miúde.

Quando cheguei ao local, um guarda armado me recebeu em um portão enferrujado onde carros roubados, lotavam o pátio da delegacia. Ele me levou a uma sala ampla e um delegado gordo e barrigudo me recebeu com a cara sisuda do Capitão Nascimento. Há essas alturas minhas pernas já estavam bambas, as mãos trêmulas e molhadas feito mortadela em câmara fria.

Um agente se aproximou, me olhou e pôs a minha CNH (perdida fazia uma semana) em cima da mesa do delegado. "É sua?!", perguntou o gordão com voz grave. Por milésimos de segundo pensei em dizer "Não, é muito parecido, mais não sou eu não senhor...". Ora, sabe-se lá do que me acusariam naquele lugar. Eis que uma luz acesa no juízo me disse: "Quem não deve, não teme".

Peguei o documento e fiz sinal de SIM com o polegar. O agente tomou a vez do delegado e falou: "É que um amigo de meu filho encontrou sua carteira na praça do condomínio onde moro com 2 cartões de crédito, a CNH, R$ 304,50 em dinheiro e 1 dólar. Aqui está tudo". Olhei para minha carteira de couro preta de grife que ganhei de presente de Natal e disse a mim mesmo: "É inacreditável!!!".

O policial (honestíssimo diga-se de passagem), me pediu desculpas pelo constrangimento da viatura em minha porta e eu naturalmente agradeci, colocando a carteira no bolso com um sorriso de invejar qualquer palhaço de circo fulera. "Quem não deve, não teme", a frase ecoou na minha mente. Embora tenha tido muita sorte, a honestidade do sargento Vieira* foi surreal. Eternamente grato autoridade.

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