03 abril 2008

Sobre a MORTE

Hoje assistindo TV, me deparei com a cena de um caminhão que após ter andado na contramão por 20 minutos, arrastou-se pela mureta de concreto, capotou e caiu de um viaduto, explodindo em seguida. O acidente aconteceu em uma freeway no Canadá. O motorista tinha apenas 25 anos e morreu no local.

Fatos como esses, me fazem pensar na brevidade da Vida e na estupidez que é a Morte. Para alguns a morte é uma passagem. Para outros, é simplismente o fim da linha, de tudo o que há, sem continuações. Prefiro não opinar sobre as diferentes ideologias sejam elas puramente filófiocas ou de cunho religioso e apenas refletir sobre o que escreveu o jornalista Pedro Bial sobre o tema. Eis o texto:

Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do Casseta deram seus depoimentos. Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada. Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena. Mas nada acontecia ali de risível, era só dor e perplexidade, que é mesmo o que causa em todos os que ficam. A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo. Você combinou de jantar com a namorada e no meio da tarde morre? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade? Não sei de onde tiraram esta idéia: Morrer.

A troco do quê? Qual é?

Morrer é um chiste. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides e os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas, mulheres e morre num sábado de manhã.

Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito.Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok.... Hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo, antes de viver até a rapa? Não se faz. Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.Por isso viva tudo que há para viver. Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida... Perdoe... sempre.

Um comentário:

Judson Gurgel disse...

Chega o cabra mela as beira lendo um texto desses...

Parabéns mago!