24 outubro 2007

E U T A N Á S I A

Outro dia conheci um sujeito, médico anestesista, trinta e poucos anos, casado, pai de duas filhas pequenas, que igualmente cansado depois um dia estressante de trabalho, parou para tomar uma cerveja na bodega do Gil. Fomos apresentados pelo dono do estabelecimento, que curiosamente nos chamou de "colegas de profissão", enquanto eu o corrigia sutilmente. Dr. Fulando-de-tal, me perguntou sobre a minha profissão, particularidades, técnicas cirúrgicas, terapêuticas e coisas afins, quando por derradeiro nos degladiamos em um tema: Eutanásia.

Para meu colega às avessas, nada justifica tirar a vida de quem quer que seja, ainda mais de um animal, doente, indefeso e que não pode opinar sobre sua própria vida. Suas justificativas confesso, me deixaram balançado, mais ainda sim, mantive minha postura a favor da prática do sacrifício. Na medicina veterinária, a eutanásia é quase uma praxe, como já disse aqui várias vezes. Ao contrário do que muitos colocam e pensam, nós não matamos os animais, e sim sugerimos o sacrifício quando clinicamente ao paciente, não há mais o que se fazer, se não abreviar seu sofrimento.

Ele rebateu dizendo que há drogas capazes de prolongar a vida sem que haja dor. Realmente existem, concordo. Mas assim como na medicina humana, em veterinária, isso implica em custos. Agora imaginem um proprietário tendo que desenbolsar de 150 a 200 reais/dia, só pra manter seu Doberman de 13 anos (120 anos se fosse humano), com doença óssea degenerativa, câncer de pelve, metade dos órgãos parados, na morfina 24h por dia, só para que ele possa dormir com a consciência trânquila e dizer por ai que seu cão morreu no dia em que Deus quis?! Com certeza, isso seria improvável, ou não.

Segundo Dr. Fulano: "Se ele (paciente humano ou animal) tive de morrer, mais cedo ou mais tarde ele morrerá. É só deixar acontecer sem interferir...". Em resumo, sofra até enquanto não puder mais. Que me desculpem meus "colegas" médicos humanos, mas na minha humilde opinião, o exercício da medicina não consiste pura e simplismente em garantir incondiconalmente a vida do paciente e sim, manter a qualidade dessa vida, de forma digna, com ombridade e respeito aos parentes ou proprietários, e sobretudo resignar-se por te dado o melhor de si, enquanto clinicamente lhe cabia algum tratamento.

Continua...

2 comentários:

Bony Daijiro Inoue disse...

Eu concordo como Dr. Fulano. Respeito a sua opnião,mas concordo com ele....

Anônimo disse...

Concordo, mas tb não tiro a razão do Dr. Fulano. Por exemplo: Na doença tipo Glioblastoma Multiforme(tumor de Sist nervoso central) o pior dos poires, com todo tratamento(melhor possivel)tem sobrevida de 1,5ano. mas hj em dia há uma droga chamada Temodal que o tratamento pros 6 meses iniciais fica em torno de 70 mil reais. O BENEFICIO: 2 meses a mais de vida média(comprovado estatisticamente). Agora eu lhe pergunto Vale a Pena?.....e se fosse sua Mãe ou até mesmo VC, Será que iria querer gastar tudo isso, pra ter, de retorno, tão pouco(podendo ser muito dependendo do ponto de vista)