23 outubro 2007

Poesia POTIGUAR

Celebração
Antoniel Campos, Pau dos Ferros/RN

Celebra-se aqui o provisório.
O breve, o transitivo, o fugidio.
Prefere-se o fugaz e o ilusório
e tudo o que faz tudo mais tardio.

Certeza não se quer. Quer-se o vazio.
Do cerne, nada mais do que envoltório.
Não há seta a seguir. Só há desvio.
O sim, só se num sim contraditório.

Que tudo seja parco e irrisório.
Que nada seja fim, mas extravio.
Que seja, o que for fixo, migratório.
E o que se diz valer, seja baldio.

Só nasça o que de si for predatório.
Celebra-se aqui o desvario.

*-*

Duplicidade
Antoniel Campos, Pau dos Ferros/RN

Entre a verdade e o que sou,
entre o que falo e o que penso,
nem a mim mesmo convenço,
nem essa chance me dou.

Fico no instante em que vou,
uno de duplicidade,
sou minha cara-metade
quando, gritando, me calo
entre o que penso e o que falo,
entre o que sou e a verdade.

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