Sempre tive a curiosidade de ir a um Analista. No meu imaginário, o Analista é aquele sujeito com cara de intelectual, postura serena, palavras pausadas, ora de uma rispidez sutil, ora gentil e atencioso, alguém que na teoria está imune aos problemas dos seres humanos ditos normais. Pernas cruzadas a la Caetano Veloso, gravador, papel e lápis na mão, ele anota e ouve tudo da sua cadeira, enquanto o paciente cospe do divã, seus problemas na velocidade de pensamento de um jumento. Sentiu a analogia?!
Tenho amigos que volta e meia visitam o analista. Alguns narram ser uma experiência única. “É como dar um boot na CPU”, explica um deles, analista de sistemas. Penso que a profissão do futuro será a de Analista. É só imaginar o trânsito daqui a 10 anos, nossos filhos em êxtase por causa do lançamento do CD do Aviões do Forró Vol 34, no arrocho salarial do proletário, nas greves dos bancários e dos médicos do SUS, nas novelas com macaco no elenco, dos herdeiros de Latino dançando bunda-lê-lê no programa da Sasha Mobral.
Que sorriso é esse amigo?! Acho que nem o próprio Nostradamus seria capaz de tão verossímil profecia. “O mal do século é a solidão...”, disse uma vez Renato Russo. Mais não é o estar só, é o se sentir só. O Analista não cura, ele ajuda a curar. As doenças da alma são muitas vezes auto-imunes, ou seja, a cura depende mais de você do que dos outros. Peço desculpas aos Analistas se alguma vez diminui a sua importância nessa mundiça. Por fim, peço licença a vocês leitores, é que por acaso estou de saída para o Analista. Fui!!
Um comentário:
Adorei o "boot na CPU".
Cara, se eu pudesse, nunca tinha deixado de ir psicóloga.
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