15 novembro 2009

MANUAL de COMO tratar TURISTAS

Pedro é português, tem 66 anos e é nascido em Oeiras, vila distrital de Lisboa. Desde criança sempre quis vir ao Brasil conhecer as nossas “belezas naturais”. Depois de economizar durante anos, veio com sua esposa e um cão, Bethovem de 12 anos, conhecer as praias do litoral potiguar. Eles ficaram confortavelmente hospedados em um flat em Pirangi do Norte, alugaram um carro e foram descaradamente explorados (segundo ele, chegaram a lhe cobrar R$ 8,00 por uma cerveja de 600ml), razão pela qual abreviaram seu passeio em 20 dias. Até então, nenhuma novidade nessa história.

Na volta para casa, Pedro precisou de uma CZI (Certificado Zootécnico Internacional) e uma GTA (Guia de Trânsito Animal) para embarcar o animal de volta a Portugal. A primeira documentação é expedida pela VIGIAGRO no aeroporto, a segunda por mim, após exame prévio do animal. Feita minha parte, encaminhei Pedro ao aeroporto que levou um genuíno “chá de cadeira” brasileiro (8 horas esperando em uma fila) e não conseguiu embarcar o animal. A razão segundo Pedro, seria a falta de um documento exigido pelo Fiscal Agropecuário que não teria ido “com a sua cara”. O documento em questão era um exame soronegativo para Raiva. Isso ele tinha, até porque se não tivesse, eu não teria expedido a GTA.

Pois muito bem, Pedro teve que voltar ao flat, remarcar a passagem, passar mais uma semana em Natal e só conseguir embarcar depois que outro Fiscal Agropecuário racionalmente liberou o animal para o embarque. Bethovem é um cão saudável com todas as vacinas em dia, portador de passaporte animal emitido pela União Européia, microchipado e não havia razão para não seguir viagem. Pedro me ligou seguidas vezes no celular com uma dúvida: “Seu doutor veterinário, não seria o caso de eu ir para televisão?! Sou homem honesto e nunca vou subornar alguém para que me dêem aquilo de que tenho doravante direito".

Em suma, Pedro achava que os fiscais queriam “dinheiro”. Embora não saiba de verdade o que aconteceu no aeroporto, creio que essa não seria uma possibilidade difícil, não é mesmo?! Não respondi o que Pedro queria ouvir, mais também não tive cara para defender os colegas da VIGIAGRO. Ademais, Pedro embarcou hoje às 9h e antes de entrar no avião ele me enviou a seguinte mensagem: “Grato pela atenção e gentileza doutor. Tu fostes o único homem que encontrei neste país. Aqui nunca mais ponho os pés. Adeus.” Adeus Pedro, que pena que eu não posso te dizer “Volte sempre!!!”.

2 comentários:

Não disse...

Às vezes tenho vontade de espancar um fiscal desses até arrancar o couro desse fila-da-puta, pra ver se ele aprende a ser gente.

Alexandre Disraelly disse...

Valha-me Deus!! Vai uma Maracujina, aê?!