Há duas semanas nós temos uma nova universitária em casa. Não, nenhuma de minhas irmãs voltaram a faculdade ou nenhuma prima do interior passou no vestibular. Nossa mais nova acadêmica tem 47 anos, três filhos, é professora e agora resolveu estudar Direito. Isso mesmo, minha mãe. Todos os dias ouço pacientemente sua empolgação com o curso e finjo não me importar, quando na verdade sou puro orgulho...
No início não apoiei muito a iniciativa, achei que passar mais 5 anos em um banco de universidade, seria muito cansativo para minha mãe, porém lembrei que ela tava longe de usar bengalas e que, se ela tava feliz daquele jeito, quem seria eu para atrapalhar. Acho difícil que advogue um dia, mas se de alguma forma ela se sentir realizada, isso por si só, já terá valido a pena.
Vejo todos os dias casos de viúvas que entram em depressão por conta de solidão e minha mãe, comporta-se como se ainda tivesse 18 anos. Deixo-a na faculdade sempre que possível, toda perfumada, batom nos lábios, de livros e caderno na mão, com sorriso de quem vai a um parque de diversões, repetindo palavras recém ouvidas nas salas de aula, como se já fosse uma experiente advogada...
Eu contenho o sorriso, balanço a cabeça em sinal de positivo quando ela desce do carro e a vejo entrar toda espivitada como um calouro movido pela ânsia e sede do saber em direção aos colegas, a maioria mais jovens do que ela, todos sorridentes e simpáticos com a colega mais velha, porém tão inexperiente quanto eles no ofício a que se propõem.
No mais, boa sorte Mãe.
Um comentário:
Massa!
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