06 agosto 2007

E M O C I O N A N T E

Ao entrar, eu me detive. Eu teria apostado uma fortuna que aquilo que estava vendo, jamais viria a acontecer. Nosso cão elétrico colocara seus ombros entre os joelhos de Jenny e apoiou docemente sua grande cabeça quadrada em seu colo. Seu rabo estava caído entre as pernas, e não balançava como de costume quando estava perto de um de nós. Ele a olhava e soluçava baixinho. Ela passou a mão sobre sua cabeça algumas vezes e, então, sem que esperássemos, ele escondeu o rosto no pêlo de seu pescoço e irrompeu a chorar. Um choro doído, sentido, imenso.

Ela continuou abraçada a ele por um longo tempo, Marley paralisado, Jenny agarrada a ele como um boneco gigante. Fiquei ao lado deles, um intruso diante de um momento íntimo sem saber o que fazer. E Então, sem erguer o rosto, ela estendeu um braço em minha direção, e eu me aproximei do sofá, passando meus braços em torno dela. Ficamos os três ali, atados num mesmo abraço de profunda dor.

Trecho do livro Marley & Eu, quando a protagonista recebe a notícia que perdera o bebê em um aborto espontâneo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Terminou de ler?