Em que você acredita? Perguntou.
No Homem, respondi, com toda segurança.
Então, você não acredita em Deus?!
Deus?! Em que deus?! Tentei ser cínico. O Deus dos católicos ou dos mulçumanos?! Jeová dos judeus ou Tupã dos guaranis? O deus dos peles vermelhas norte-americanos, Shiva, Rá ou Júpiter?!
Deus, seu chato. O único. O que criou tudo!!
Ah, entendi... Você quer dizer o seu Deus... Sei não... Acho que ele não se revelou pra mim. Talvez nem mesmo tenha se revelado a você! Já pensou nisso?!
Por que você não diz logo que é ateu criatura?
Ateu?! Pela primeira vez eu duvidei. Desde os 14 anos de idade eu tinha certeza que Deus nunca existira. Tinha sido enganado a vida inteira. Embora fosse uma vida de apenas 14 anos, era toda a minha vida.
Por que não diz que é ateu?
Ateu?! Me lembrei de Kant, propondo que se não era possível provar a existência de Deus, conseqüentemente era impossível provar a sua inexistência. Mas então, eu era o quê, se não ateu? Agnóstico? Esses patéticos seguidores do paradoxal bordão platônico do só sei que nada sei?! Não, agnóstico não. Que me perdoe o avô de Aldous Huxley, o velho Thomas, que ocidentalizou a palhaçada do agnosticismo (ao menos segundo Antonio Callado). Agnóstico eu não sou. Eu creio em algo que não sei bem o quê. E não vejo nenhum mal em crer. Entendeu?!
Não, mas deixa pra lá. Agora você me deixou na dúvida . . .
**(Publicado originalmente em 2001, no extinto site poderonline.com)
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