24 maio 2007

Alecrim WORLD

Já passava das 8:15h da manhã de hoje quando liguei meu carro e sai para o que seria uma entrevista de emprego. Rosto limpo pós barba, cabelo milimetricamente penteado, camisa de botão laranja passada, calça de linho e sapaco social. Nas mãos a chave do carro e um currículo ligeiramente melhorado nas vésperas da entrevista. Meus olhos marejados, traduziam a angústia de um veterinário que aspirava a uma vaga de promotor da Shering Plug do Brasil, uma indústria de medicamentos veterinários e humanos.

Liguei o possante e sai. No caminho uma breve retrospectiva do que tinha acontecido na minha vida nos últimos doze meses. Os pacientes, os lugares, os amigos, a rotina, coisas tolas porém valiosas para alguém que não tem muito a perder. Na chegada ao Alecrim, encontrei uma vaga logo de cara, coisa rara uma vez que já passava das 9h da manhã. Pensei:"Hoje é o meu dia, vai ser hoje que vou tirar o pé da lama!". Ainda faltavam uns 200m até chegar ao prédio onde seria entrevistado.

Ainda no caminho, dessa vez a pé, vi coisas que só no Alecrim a gente vê. Esbarrei num cego sem bengala, quase fui convencido por um mudo a comprar um DVD pirata, cruzei com um casal de homossexuais de mãos dadas, comprei uma antena para minha TV surrada, encontrei gente de todo tipo, de toda cor e classe social. Mas ninguém comparado a cigana que me interceptou antes do prédio do suposto trabalho. Com olhar firme de quem tinha pego um tolo, e pegou, segurou minha mão e disse:"Por um real, leio tua mão e te faço umas orações!".

Ingênuamente pensei que não teria problema, afinal era apenas um real. Durante a leitura coisas óbvias do tipo você ama alguém, você tem um amigo invejoso ou você gostaria de subir na vida. Passei a sorrir ironicamente quando ela me olhou enfaticamente e me pediu para colocar mais dinheiro na minha mão esquerda. Mais burro do que nunca, tirei R$ 5,00 do bolso da calça e coloquei em minha mão. Após repetir meia dúzia de bruxarias, ela me fez passar a grana para mão dela e acabei perdendo o dinheiro. Exigi que ela me devolvesse o dinheiro, daí ela se recusou alegando que aquela quantia seria destinada ao feitiço que colocaram contra mim.

Olhei para ela com descrédito e sai furioso. Cheguei ao local da entrevista transpirando de nervoso. Do lado de fora, a secretária me recebeu gentilmente depois de ter me apresentado e solicitado dez minutos do tempo do manda chuva da empresa. Uma hora e meia de espera, vi um rapaz bem vestido sair do escritório do chefão. Trava-se do filho do dono. Me apresentei, ele me recebeu bem e ficou com meu currículo.

Cabe a mim agora ligar e marcar de fato a entrevista com o cara. De amanhã não passa. Rogo para que ciganas, duendes, magos, cegos sem bengala, veados carinhosos e mudos vendedores de DVD´s não me parem no caminho ou melhor ainda, que eu seja menos ingênuo e mais inteligente da próxima vez. Que assim seja.

3 comentários:

Susana Dantas disse...

Todos esses mais Munrá, o de vida eterna, madame Mim, Maga Patológica, Brunilda, Fada MAdrinha e todos nós que te amamos desejamos boas vibrações e que na farra de comemoração estejamos juntos ,e de mãos unidas daremos um "pinote" de comemoração no tanque do seu avô.

Alexandre Disraelly disse...

Toma cachaça karai

Bony Daijiro Inoue disse...

O Diploma de Otário é entregue por uma daquelas ciganas do Alecrim...todas elas com residência fixa e nenhuma vinda da Romênia!