Se houver, como dizem que há, um Céu dos Cães,
é lá que quero ter assento,a ver a luz a minguar no horizonte,
com a sua palidez de crepúsculo num retrato da infância.
Hei-de então bater à porta e pedir para entrar,
e sei que eles virão, contentes e leves, receber-me
como se o tempo tivesse ficado quieto nos relógios
e houvesse apenas lugar para a ternura,
caricia lenta a afagar o pêlo molhado pela chuva.
Então poderemos voltar a falar de fidelidade
e de mim não me importarei que digam:
teve vida de cão, por amor aos cães.
Certa vez o escritor, humorista e romancista americano Mark Twain escreveu: "No céu entra-se por favor e não por mérito; se fosse por mérito, eu ficava à porta e o meu cão entrava." As saudosas palavras de Twain reforçam minha idéia de que a maioria dos cães são melhores que certas pessoas.
E se alguns cães são melhores que certas pessoas, uma "raça" é melhor do que todas: A dos Vira-Latas. O Vira-latas é leal, sem frescura, não precisa de tosa, não reclama da ração, come pau, pedra, caco de vidro e cal virgem sorrindo e balançando o rabo que se você tivesse lhe oferecendo petit gateau.
Eu tive um Vira-latas chamado Leão. Ele morreu de "velhice" olhando para mim com os olhos esbugalhados de Adeus. Digam o que quiser, nenhum cão é como o Vira-Latas. Se o Vira-Latas fosse gente, ele seria aquele seu amigo ingênuo com que você pode contar sempre. O Vira-Latas não é gente, ele é melhor que isso.
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