30 agosto 2008

P R Ó L O G O

Zé Cibitche é um caboclo nordestino, feio, mestiço e pobre, nascido e criado nas brenhas, oriundo talvez do cruzamento de um toco de amarrar jegue e uma forrageira quebrada. Corpo franzino, sobrancelhas salientes, poucos dentes na boca, cara de morto de fome. É um cabra esforçado feito a molesta, mais de um azar infeliz. Que mané Lei de Murphi, essa teoria gringa pra ele é fichinha. O Mela-Cueca é tão azarado que o pão com manteiga dele, além de cair com o lado da manteiga para o chão, ainda cai em cima de merda de gato desenterrada pelo vento. Ô Fela-da-Puta sem sorte da gosta serena!! Em nome do Pai, Fio e Isprito Santo três veis.

Sua fama correu o sertão e ninguém quer chegar perto do homem com medo de pegar a inhaca da má sorte, a urucubaca, a maldita tinha. Como todo vivente, ele sonha em ser feliz ao lado de uma companheira, ter dois palmos de chão pra plantar mandioca, criar meia dúzia de galinhas, um canário cantador, um jegue e uma vaca de leite que não faça suas necessidades nos seus pés mesmo na hora em que ele estiver passando. Ouve-se por ai, que a songa-monga que pariu o azarento era doida de atirar pedra na lua e vivia espalhando o boato de que ele era filho de um ET que sequestrou ela quando ainda era moça. Pela aparência dele, devia ser mesmo.

Ritinha era uma jovem donzela, branca da cor de algodão, olhos da cor de mel de Jandaíra, lábios carnudos e cabelos mais crespos que palha de aço de marca sem futuro. Professora com diploma, boa moça, pura e religiosa, queria ser freira, mais o Vigário Pedro Barriga D´água, apelido que aliás ele destestava, mais que fazia alusão a sua enorme protuberância abdominal, não permitiu, pois acreditava que a moça não tinha vocação religiosa. E não tinha mesmo. Foi só conhecer Zé Cibitche que ela deu a xereca pra ele na sacristia da igreja, depois que ele atravessou o mói de pentei dela com um facão de cortar xique-xique.

Quando Ritinha e Zé Cibitche se encontram a primeira vez na novena, eles trocam olhares e se apaixonam fervorosamente. Apesar na perrenga do vigário que queria casar sua cria com o filho do Coronel Mãozinha, eles fogem e preferem enfrentar o desafio de um amor proibido vivendo incríveis aventuras no sertão em busca da família perdida da moça abandonada na porta da igreja ainda criança. A Ex-donzela e o Mané-Mago, é um romance de costumes, pensado e escrito por este narrador nos seus momentos de ócio no trabalho e entre uma obrada demorada e outra no banheiro. Não foi escrito para ser um best-seller mais se um dia for, não vou achar ruim, né?!. No mais, os capítulos serão publicados neste espaço a medida em que forem escritos. Boa leitura a todos.

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