11 agosto 2008

Auxiliar de VETERINÁRIO

Auxiliar de veterinário trabalha duro, não é um emprego fácil. Além de driblar as mordidas e arranhões a queima roupa, limpa o consultório das imundices caninas e felinas, e faz uma coisa essencial durante a consulta que é a contenção dos mais exautados. Aldair* é auxiliar de veterinário há 15 anos. Já viu de tudo um pouco: cirurgias, fraturas, atropelamentos, pacientes em crises convulsivas, cadelas parindo e todas as nunces da profissão. Ele tem 32 anos, três filhos, sendo dois adotivos de uma irmã morta, ganha pouco mais de R$ 500,00 e mora só com os filhos em uma casa de dois cômodos, depois que a sua ex-mulher foi viver com outro homem, abandonando a ele e os três filhos.

Profissional dedicado, vibra quando chego para o plantão nas noites de quinta-feira, pois segundo ele, sou o único dos plantonistas que o trata como um igual. E ele é. Quando não estamos juntos em nossos "abacaxis clínicos", varamos a madrugada em conversas sobre futebol, novelas, vidas mundanas e muito, mais muito sexo dos anjos... O sonho dele era ter se tornado Dr. Veterinário, mais ainda jovem, perdeu a mãe cedo e teve que ajudar seu pai na roça e não pode estudar. Já o surpreendi várias vezes vestido com meu jaleco se olhando no espelho do dormitório de olhos marejados, pensando que o tempo não volta mais. Daí eu brinco, digo que ele sabe mais que muito veterinário e ele sorri agradecido.

Seu sonho atual é ganhar na loteria. Joga sempre que lhe sobra uns tostões e já me prometeu sociedade caso venha a tornar-se ganhador um dia. Eu entro com o dinheiro e o senhor com o trabalho, topa doutor?! - Ele diz excitado, como se o prêmio já fosse seu. Digo que sim, mais sempre aconselho a esquecer a idéia e trabalhar. É o certo. Ele concorda e promete que só joga de vez enquando, que a prioridade é o leite das crianças. Somos uma equipe, por pelo menos 12h por semana, ele é o meu melhor amigo e vice-versa. Aldair* tem três coisas que eu admiro em um homem: a humildade, a fidelidade e o amor ao próximo. Sou um fã incondicional dele. Salve, salve Dr. Aldair*.

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