Hoje sai de casa em direção ao trabalho e algo estranho parecia estar acontecendo. Nenhum xiado, nenhum zunzum de parafuso ou porca, nenhum barulho de suspensão, o motor parecia desligado de tão silencioso. Por alguns instantes, o medo de pane durante o caminho ou a impressão de que alguma luz no painel ia me condenar a um gasto fora de hora desapareceu. Fechei os vidros, liguei o ar condicionado (quem diria, eu?!), assobiava We Are The Champions a 60km por hora.
Dobrei a esquina, cumprimentei o rapaz da marmita e ele fez sinal de parabéns com o polegar. Segui em frente. Um, dois, três carros me ultrapassaram e eu não estava nem ai pra nada. Só queria curtir aquele câmbio suave que não engasgava da segunda pra terceira marcha, a embreagem macia, a direção leve como um travesseiro de pena de ganso. Parei no sinal, fiz cara de feliz para o motorista e ele saiu em disparada achando que era gay.
Continuei o percurso de sete quilômetros de casa ao trabalho como se andasse em tapete vermelho. Logo eu, que andava quase os mesmos sete quilômetros a pé para namorar minha atual esposa. Um liso de carteirinha. Não que eu tenha deixado de ser, lógico!! No começo deu um medinho, meses pagando um bem, mais proletário é assim! Rogo a Deus que ele me abençoe sempre e que aqueles que trabalham honestamente, possam algum dia, ter a mesma felicidade que eu estou tendo agora. Que assim seja.
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