Sociedade MORTA

De uns tempos pra cá, um sentimento saudosista tem tomado conta dos meus pensamentos. Algumas coisas que parecem não ter mais volta, insistem em fazer parte da minha vida de gente adulta, chata e sem tempo pra nada. Estou falando dos encontros de final de tarde, dos happy hour´s bem fora de hora, dos rodízios de pizza, de um ligando para outro (mesmo que a cobrar) e fazendo o convite pela simples vontade de estar juntos. Das falações e resenhas que varavam a madrugada regadas a vinho, cerveja e principalmente a bebida mor, símbolo da quadrilha, a saudosa vodka Natasha. Dos repertórios variados que tinham de tudo um pouco. Do nosso tocador, cruzamento de fresco com come-quieto, de pernas cruzadas, entoando Nós de Cássia Eller, em praticamente todos os encontros.

Das risadas empolgadas, das piadas repetidas, das caretas e performaces, do romantismo que faziam parte dessas orgias a muito não praticadas. Do nosso baluarte, símbolo do grupo, com sua risada de rói-rói com defeito. Do loro hipocondríaco que adorava falar das mais variadas drogas e patologias que tinha ou tivera um dia. Do japa meio-sangue alérgico a álcool (quem diria) que bebia uma Coca-cola amoada. Do ex-mago palhaço e muganguento, com piadas muitas vezes exaustivamente repetidas e cheias de performaces. Do estudante de direito com cara de intelectual, que adorava vomitar nos pés do dono da casa. Da loirinha mãezona que adora ouvir e pricipalmente ser ouvida por todos, sempre pronta a ajudar a quem quer que fosse. Do PM com tatuagem GG e etc. Assim era a boa e velha AADW. É uma pena que não exista mais...