Passava das 7:00h da manhã. Ele aproximou-se do canteiro meio claudicante, se apoiou em uma árvore, olhou para o céu e soprou. Lembrou-se da primeira dose do dia anterior. Ainda cedo, antes da labuta, uma dose pura e transparente de Samanaú. Nada de coca-cola misturada com bebida, bom mesmo era sentir a maldita descer guela abaixo rasgando feito remédio em boca de menino ruim. A cabeça lembrava o sino da igreja matriz em época de procissão de Nossa Senhora da Guia. Em pensar que sua esposa, católica de pai e mãe, tantas promessas fez a santa para ele deixar a bebida.
Uma pequena janela se abriu. De lá o grito debochado: "Vai passando o Chico Bebum!!". A criatura mórbida, quase sem reação, olha em direção ao casebre, pragueja meia dúzia de mal criação e estende o indicador em legítima defesa. Mais um sopro de etanol, uma bela cuspida e ele segue parecendo equilibrar-se em um corrimão imaginário! Lembra-se da dívida no bar, do leite faltando em casa e chora copiosamente. Tentando parecer sóbrio, ele estica a coluna e entra em casa. Sua mulher olha incrédula. Ele se rende aos já esperados reclames e principalmente ao surrado sofá vermelho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário