26 outubro 2010

Entre DESEJOS e VÍCIOS

A primeira vez, eu tinha uns quinze ou dezesseis anos. Ela era analógica e pertencia a minha finada avó Cícera.  Retirei o objeto de dentro da gaveta do birô de madeira de lei do meu avô. Pesava uns 200g e tinha alça.  Trinta e seis era o limite. Corri dali como se roubasse um caixa forte de um banco suíço. Foi uma tarde inesquecível aquela. Depois daquele dia e meia dúzia de palmadas, não parei mais. Mesmo "roubadas", as poses foram reveladas. Minha avó ficou surpresa com o que viu. Meu avô  (o patrocinador) nem ficou sabendo na verdade. A maioria eram objetos, lugares e closes do céu. Sempre gostei do céu. 

Depois desse episódio dei um tempo até um amigo de longa data me emprestar uma câmera e eu cair de novo no vício. De lá pra cá, devo ter clicado umas 5 mil vezes. O prazer  é sempre igual, idôneo e sem culpa. Fotografar é como se desligar do mundo. É enxergar as coisas com outros olhos, outros ângulos, reproduzir cores, objetos e pessoas através de um clique e um olhar pessoal. Ansel Adams certa vez disse: "Quando o mundo se tornar confuso, me concentrarei em fotografias. Quando as imagens se tornarem inadequadas, me contentarei com o silêncio". Que meu vício nunca silencie pois.

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