EU, mamãe e as CREAM CRACKER´S

Quando eu era criança pequena lá em Mossoró, estudei alguns anos no Colégio Diocesano Santa Luzia, escola centenária onde estudavam nove em cada dez filhos da aristrocracia mossoroense. Não que eu fosse um aristrocrata, muito pelo contrário, eu era um liso (filho de classe média atrevida) estudando no meio de burgueses. Minha mãe era professora e meu pai comerciante emergente.

Lembro que na hora do intervalo, todos os meus colegas corriam em direção a cantina. A maioria comprava salgados enormes regados a refrigerante. Sonhava com o gosto daquelas coxinhas oleosas, do pastelão e do sonho adocicado. Eu claro, levava lanche de casa dentro de uma lancheira laranja com o Jaspion estampado na tampa. Dentro dela, meia dúzia de cream cracker´s, banana e suco de laranja.

Confesso que na época isso me deixava frustrado. Mas hoje eu sei, é claro, o quanto meus pais se esforçavam para pagar a escola de bacana. Não me tornei um médico, engenheiro ou o advogado como sonhou meus avós. Mas me tornei um homem de bem, graças não só as cream cracker´s da minha mãe, mas aos seus esforços para que eu tivesse uma boa educação. Obrigado mãe. Vida longa as cream crackers!!