15 abril 2010

Lendas do ACARI MARAVILHOSO (#005)

Hoje não vou falar de nenhum bêbado tetraplégico ou defunto aloprado. Na verdade, minha intenção aqui é narrar uma observação que tenho feito nesses quase noventa dias de domicílio aqui no Acari Maravilhoso. Não sei se é só aqui ou em outros interiores, mas é impressionante como as pessoas gostam de velório. Aqui, seja o morto rico ou pobre, seu velório será tão ou mais assistido que a festa da padroeira. A rigor, sempre lotado!!

Nem bem cheguei, já vi uns quatro. Todos eles cheios de curiosos, alguns amigos e/ou inimigos e é claro, familiares do morto. Tem gente que se arruma dos pés a cabeça, exagera nas cores, no perfume, no penteado, no baton, parecendo até que vai a novena, quermesse ou missa de domingo. Uns narram a vida do morto como se ele fosse um héroi, outros ensaiam um choro e até arriscam a música predileta do cabra. De vez enquando, uma puta desce da zona e faz cara de triste só pra estressar a viúva.

Durante algum tempo, esse passa ser o assunto da cidade. "Mulher, você viu a viúva de Chico Pesão, como tava desconsolada?!", pergunta a manicure a cabelereira. Até o próximo vélorio, não se falará em outra coisa. Dependendo da status do defunto, tem gente que se diz primo. Outros juram até saber o último desejo do então moribundo. No Acari Maravilhoso é assim, enterro é diversão. Ademais, como se ouve por aqui, na falta de McDonald´s, que tal um enterrozinho?!

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