18 maio 2008

L U T O

Imaginar a morte como um fardo prestes a desabar sobre nosso destino é insuportável. Conviver com a impressão de que ela nos espreita é tão angustiante que organizamos a rotina diária como se fôssemos imortais e, ainda, criamos teorias fantásicas para nos convencer de que a vida é eterna.

Nada transforma tanto o homem quanto a constatação de que seu fim pode estar perto. Existe acontecimento comparável? Um grande amor? O nascimento de um filho? O diagnóstico de uma doença fatal é um divisor de águas que altera radicalmente o significado do que nos cerca: relações afetivas, desejos, objetos, fantasias, uma simples paisaigem...

Dráuzio Varela, médico e escritor, em Por um Fio.

Morte é ausência definitiva. Tomei consciência disso aos 13 anos de idade, dois meses depois de ficar órfão de pai, em plena noite de natal de 1992. De lá pra cá, perdi minha avó, minha segunda mãe, cujo amor e o respeito me deu forças para vestí-la, quando a ninguém sobrou coragem, antes de ser colocada no caixão. Uma manta branca como um anjo, flores brancas ao redor do rosto, semblante sofrido de quem passou poucas e boas ao longo dos seus 54 anos dedicado ao marido e aos filhos.

Atualmente lido com essa pespectiva de uma forma mais fria, evasiva, científica e irremediavelmente insensível. Hoje recebi uma notícia triste. Ela era tia de minha noiva, mas não sei como explicar, tínhamos uma empatia um pelo outro, lembro ainda quando fomos apresentados: ela me olhou, me abraçou e sorriu, não disse mais nada. Aquilo foi o melhor dos "prazer em conhecê-lo" que já havia recebido de uma estranho na vida. Nossa convivência foi pouca, mais intensa o suficiente para eu desenvolver um grande carinho por ela. Que DEUS a tenha em um bom lugar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Po... que merda...
Meus sentimentos.

Judson Gurgel disse...

Meus pêsames mago, p/ ti e p/ Bela