04 fevereiro 2011

Lado NEGRO DA FORÇA

Ele pega o livro embaixo do travesseiro e abre na página 48. A leitura já perdura duas semanas. Uma leitura interessante e polêmica sobre política e atualidade.  Enquanto conclui o capítulo, escuta um som agudo vindo do domicílio vizinho. É a introdução de uma música. Uma guitarra havaiana produz um som irritante e uma batida ritimada inconfundível. Cavalinho, cavalinho, cavalinho... Ele fecha a porta e continua a leitura. Uma pequena frecha permite a entrada do som. O que é que ela quer, o que é que ela quer? Madeira, madeira. Ele percebe seus pés se mechendo no ritmo da música. Gostei de ontem, quero de novo. Vamos dançar um samba gostoso. Eis o lado negro da força.

Ele insiste na leitura. Um, dois, três diálogos e as personagens já não parecem tão interessantes.  Se ela vai de pranchinha, eu vou de moicano. Ele repete involuntariamente o complexo refrão. Os olhos agora ardem, ele tira o óculos e limpa da camisa. Reinicia o capítulo. Eu já meti neon, eu já meti neon. Já cortei black power. O volume aumenta, do outro lado vozes ecoam repetindo o refrão da música. Êta mamãe, êta mamãe. Olha o galope mamãe.  Olha o galope mamãe. Ele fecha o livro, respira fundo e abre a porta. Enche um pequeno copo com uma dose de Samanaú. Antes de beber, um estouro seguido de uma queda na força interrompe a energia. Salvo pelo gongo!!, ele pensa.

2 comentários:

Ricardo Duarte disse...

poxa o cara ouvir Grafite na hora do apagão esta semana é f...pra beber não precisa de luz, empurra a cana pra dentro macho!! abraço!

Angelo Baeta disse...

Esse é o Lado Bom do Apagão!!! Mas concordo com Ricardo...arroxa macho!