23 outubro 2006

Arroto EXISTENCIAL

Hoje cedo me olhei no espelho e vi o reflexo de um homem preocupado. Aos 28 anos, eu não tenho filhos (não que eu não esteja querendo um), não tenho imóveis, não tenho transporte, só um cachorro vadio, um celular bichado e uma namorada dedicada.

Profissionalmente falando, adoro o que eu faço, mas odeio o que ganho. Quero mais, quero estabilidade, reconhecimento. Quero um emprego de segunda a sexta, sem patrão, cafezinho no final do expediente, todos falando da vida alheia, happy hour na saída do trabalho, computador e internet rasgada.

Espiritualmente, me sinto vazio, cético, o próprio São Tomé. Não acredito em pouca bosta, não rezo mais, não me benzo, olho pra cruz e não tenho mais fé. Vivo procurando o sentido das coisas, tentando entender o porquê de tanta miséria, de tantas diferenças, de tantas desgraças, se temos um Deus por nós. Será que temos?!

Politicamente estou Anarquista. Odeio governos, políticas sociais fajutas, falsos moralismos, CPI’s, figuras hipócritas de terno e gravata que andam de jatinhos enquanto o povo se fode no busão lotado. Por mim todo mundo andava nú e fumava maconha até cair.

Musicalmente, tenho curtido coisas diferentes. Café no vento, Seu Zé, Sagrama, Belina Mamão, essas coisas que você só ouve falar no guetos por onde passa a minoria letrada. Tenho curtido programas fuleiras, regados a vinho de 10 conto e pão com mortadela.

Afetivamente me sinto bem, ela me satisfaz, nos curtimos, somos felizes na alegria e na tristeza, mas putos com a pobreza que nos obriga a morar separados. Sexo?! É bom, mas grana pra pagar as contas e ter uma vida confortável também ajuda. Apesar de tudo, somos felizes do nosso jeito.

E o resto?! A gente dá pros porcos ! ! Né, não?! É.

Nenhum comentário: