18 maio 2008

Sobre FOTOGRAFIA (2a Parte)

Oi, meu nome é Alexandre. Hoje eu tô aqui porque cheguei ao fundo do poço. No começo a gente acha que é só uma fase, que vai passar, mas não, quando você menos espera, você já está no fundo do poço. Por isso procurei os Viciados Em Tirar Fotos Anõnimos . Fiz isso porque eu quero mudar, e vou mudar. Tudo começou com um simples click. Era uma máquina analógica de meu tio, nem me lembro a marca ou modelo. Eu era moleque, uns 14 anos, e me pediram para tirar umas fotos. Meu tio e família, eram nordestinos e moravam e Brasília fazia muito tempo. No fundo, uma praia, crianças, enquadramento, luminosidade, tudo em perfeita sintonia. Cliquei 16 vezes e nunca mais fui o mesmo. Em festas e aniversários, eu sempre me oferecia para bater as fotos. Nunca tiver condições de ter uma máquina só minha, por isso deixei o hobby de lado por um bom tempo, até conhecer um amigo que me despertou um velho desejo: ter a minha máquina fotográfica. Comecei comprando um celular com câmera (0.3 megapixels, já pensou?!). Fotografava ruas, árvores, objetos e até postes. Quatro meses depois, comprei uma Canon PowerShot A520 de 4 megapixels. Desde então, já foram mais de 4.000 fotos, a maioria horríveis.

Vi naquele objeto em minha mão um poder enorme. O poder de eternizar um momento. Quem não se lembra da foto do estudante em frente a um tanque na Praça da paz celestial em Pequim, China?! Ou a foto de Che Guevarra tirada por Alberto Korda, que virou logomarca do comunismo, marketing dos rebeldes sem causa? Então?! Criei pela fotografia um atração doentia, todo lugar que eu ia, tinha que levar a câmera. Na lagoa, na praia, na fazenda, no circo. Eu e minha noiva discutíamos por causa disso, ela tinha criado ojeriza pela meu exagero em fotografar e eu, nem tinha me dado conta de que era realmente excessivo. Percebi que cheguei ao fundo do poço quando me vi deitado numa cadeira de piscina às 14h da tarde, esperando um avião passar em velocidade de cruzeiro, só pra ter o prazer de fotografá-lo formando aquela linha branca no céu azul. Hoje estou aqui, neste testemunho triste, vendo as fotos da Vernissage de Tato na Let´s Lomo em São Paulo e outros três sites de fotografia, olhando para minha máquina, com as pilhas carregadas, numa vontade incontrolável de sair clicando pelo condomínio. Decidi mudar, eu vou resistir. Estou limpo. Graças à Deus, hoje acreditem, faz 7 dias que não tiro uma só foto.

3 comentários:

Anônimo disse...

Meu Deus!
Que tipo de pessoa doentia passa 7 dias sem fotografar??

Brito Filho disse...

Congratulo-me nesta sua onda!

Judson Gurgel disse...

Bixo, fiquei preocupado agora, faz quase 1 mês que eu não fotografo!