Hoje reencontrei Manoel Messias. Boy Messias, como ele gostava de ser chamado, era tosador do pet do shop onde trabalhei dois meses depois de formado. Sujeito simpático, trinta e poucos anos, otimista, casado com uma diarista, pai de dois filhos, Messias tinha um defeito: era alcólatra. Cheguei a presenciar uma crise de abstinência dele, quando no meio de uma consulta, ele confessou estar martirizado pela presença do álcool etílico que eu usava para higienizar a pele do animal antes da vacina.
Ele saiu da sala suando, aperreado pois naquela data, fazia dois meses que ele não bebia um só gole. Messias perdeu amigos, uma esposa, dois empregos e o respeito das pessoas. Chegou ao fundo do poço quando seu filho de 6 anos se negou a abraçá-lo na noite de natal por ele estar completamente embreagado e sujo. Sentiu pena de si mesmo e pensou em fazer besteira várias vezes. Hoje Messias está há 18 meses sem beber, ganhou peso, trabalha em um bom emprego com sorriso de quem recomeçou do zero.
Fiquei muito feliz em vê-lo, vi nos olhos dele a felicidade e o orgulho de si mesmo. Messias é outra pessoa, um novo homem, um pai de família que chega em casa sóbrio, com pães e leite pra janta. Doutor, eu tô muito feliz, Deus me curou - completou com os olhos marejados repetindo a célebre oração da serenidade: Concedei-nos Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar. Coragem para modificar aquelas que podemos, e sabedoria para distinguir umas das outras... Parabéns amigo!!
Um comentário:
Ele deve ter virado crente, também.
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