01 outubro 2011

Apotegmas do Vil METAL

Por Millôr Fernandes... 

Enquanto Freud et seguidores difundiam pro mundo a idéia do pansexualismo, o sexo dominando todos os atos e momentos da vida humana, Marx et seguidores difundiam paralelamente a idéia do paneconomismo, a economia como parte inseparável de todos os interesses e instantes do ser humano. Sou mais Marx. O sexo, ao contrário do que se pensa, está presente em parte bastante reduzida do comportamento humano, mesmo nas pessoas consideradas vigorosamente sexuais. Embora admitindo que o sexo comece tão cedo quanto querem os sexólogos - na chupada da chupeta, do dedo ou, oba!, do seio da senhora sua mãe - sabemos também que diminui muito cedo, na maioria das pessoas cedíssimo, seja como execução, seja como intenção, seja como qualquer recôndito traço metafísico. 
 
Quando você está fazendo exercício está se melhorando para agradar o(s) outro(s) sexo(s); que quando você está conquistando posições tem em mente (inconsciente) algum tipo de poder que lhe amplie possibilidades junto ao outro sexo, tudo bem. Mas mesmo o mais addict, passa horas - ou dias, ou, dependendo da idade, muuuuuuiiiiitos dias - em que o sexo não aflora nem em sonhos. 
 
E não se morre por falta de sexo. Já o processo econômico começa a atuar no útero que você escolhe para gerá-lo - se o útero for pobre você já está comprometido - e vai até à UTI em que você apaga, à vela que acendem para iluminar o caminho de sua alma, o caixão, a tumba, und so weiter. Dizem que a praia é grátis; tente ir à praia morando em Madureira, trabalhando 10 horas por dia e ganhando salário mínimo. Grátis mesmo só conheço o ar, assim mesmo mais poluído na proporção da miséria que o circunda. E boas performances sexuais só existem com cama confortável, boa refrigeração no verão e, se possível, champanhe, canapés e penhoar de seda (versão Zélia de Melo). Pobre mesmo só transa - encostado no poste! - quando a libido está explodindo.De qualquer forma, responda: quem é mais universal, o dinheiro que compra até amor verdadeiro ou o sexo esfuziante, que arruína até banqueiro?

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