Por Millôr Fernandes...
Mulher linda, sensual, altamente desejável. Além
disso, e evitando o "mau" uso dessas características, era devota,
crente, caridosa. Por isso (*) um dia Deus lhe apareceu. Ela se prostrou
(**) diante dele, maravilhada e contrita. E Deus lhe disse: "Por todas
tuas virtudes morais e religiosas, jamais anuladas pelas tentações
físicas, você vai viver 100 anos." Estimulada pela promessa divina, a
mulher caprichou cada vez mais nas suas práticas humanistas. Mas, não
querendo que seu esplendor físico se distanciasse muito de suas
qualidades morais, aos cinqüenta anos fez uma operação plástica. Em nome
de Deus. Aos cinqüenta e cinco anos achou que devia manter os
resultados positivos conseguidos aos cinqüenta e fez outra plástica.
Outra aos sessenta. Outra aos sessenta e cinco. Um dia, aos setenta,
quando ia saindo da clínica do Dr. Pitangui, catrapum!, foi atropelada
por uma ambulância da AMIL (***). Ao abrir os olhos estava no céu.
Diante de Deus! Foi insopitável a cobrança: "Mas, Senhor meu Deus, o
Senhor tinha me prometido..."
E Deus, um tanto ou quanto contrafeito: "Perdão, minha filha, eu não a reconheci."
E Deus, um tanto ou quanto contrafeito: "Perdão, minha filha, eu não a reconheci."
(*) Pelas qualidades espirituais,
ou pruma olhadinha pro bumbum, uma paquerada? As opiniões divergem. Uns
acham que Deus é Deus. Outros acham que ninguém é perfeito.
(**) No bom sentido. Não no maroto, aquele do "ajoelhou tem que rezar".
(***) Podia ser qualquer outro veículo. Mas a AMIL é sempre uma ameaça.
(**) No bom sentido. Não no maroto, aquele do "ajoelhou tem que rezar".
(***) Podia ser qualquer outro veículo. Mas a AMIL é sempre uma ameaça.
MORAL: É PRECISO SER RECONHECIDA POR DEUS. NÃO BASTA SER RECONHECIDA AO CIRURGIÃO PLÁSTICO
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