04 julho 2008

Dia do CASAMENTO

Passava das 16h quando de frente para o espelho do quarto, portas trancadas, não contive as lágrimas ao ver o meu reflexo. Um típico traje de noivo. Calça, colete prata, gravata com detalhe, cabelo comportado depois do gel. Daí em diante, um filme de cinco anos passou em sessenta segundos, transpirei vertiginosamente, rezei um pai nosso de joelhos, pedi a Deus felicidade e sai. Em casa, todos eufóricos com a saída do noivo, meu avô era só felicidade e vermelhidão nos olhos. Meus passos em direção ao carro, pareciam infinitos, minha boca seca traduzia o grau do meu nervosismo.

Durante o percurso mais flashes na memória. O primeiro de uma dezena de "foras", a primeira vez que nós ficamos, o primeiro beijo, o primeiro abraço, a primeira vez que andamos de mãos dadas em público, nossa primeira vez, nossa história, nossos planos, tudo, tudo ali, passando pela cabeça enquanto eu percorria pouco mais de seis quilômetros que separavam a casa de meu avô, da capela onde eu me casaria. Cheguei às 17:05h, só havia dois ou três funcionários do cerimonial, eles me viram chegar, sorriram discretamente como quem diziam esse tá apressado pra casar... Devolvi o sorriso gentilmente e entrei na igreja.

A capela estava perfeita. Flores no altar, no percurso da porta até o conchectório, por todo o chão da capela, um perfume exalava no ar um clima de felicidade antecipado. Me sentei na primeira fila e fiquei observando a imagem da Virgem Maria, me perguntando se tudo aquilo estava acontecendo de verdade. Coloquei a mão do bolso esquerdo do fraque, puxei uma caixinha vermelha, eram as alianças. Prontamente polidas, brilhantes, onde se lia por entre os arcos, Alexandre e Isabela. Chorei de novo, agora era de verdade. Verifiquei se a minha ainda cabia no dedo, ensaiei o SIM.

Os convidados começaram a chegar. Primeiro, meu sogro e minha sogra. Depois minha mãe, meu avô e alguns amigos. A medida que a hora passava, meu coração parecia que ia saltar pela boca. Meus olhos marejados denunciavam uma emoção nunca antes vivida. Todos as atenções pareciam (e estavam) voltadas para mim. Alguns riam, outros bricavam. Eu disfarçava bem o stress da espera, enquanto meu intestino ameaçava me trair. Pelo fi-o-fó não passava um cabelo, nem daqueles finos, dos bons mesmo. Era 17:50h quando o mestre de cerimônias me convidou juntamente com os padrinhos, a entrar na igreja.

Quem me conduziu foi minha bizavó de 88 anos. Fiz questão de que fosse assim. Ela pra mim, é um exemplo a ser seguido. Viveu mais de 50 anos ao lado de um homem bom, até que um câncer os separou. Segui em frente, passos curtos, olhos entre o chão e o altar, lembrei do meu pai, queria que ele estive lá, e estava. Segurei a emoção, procurei não prestar atenção na música, tinha que ser forte. Conduzi minha bizavó até a sua cadeira, acomodei-a ao meu lado e fiquei de frente para porta na posição de sentido. Uns 30 metros a frente, tapete branco, pétalas no chão, o cerimonial anunciava a entrada da noiva.

Ao fundo, um sax ensaiou a introdução da marcha nupcial quando foi interrompido pela música Over the Rainbow (Além do Arco Íris), canção que personifica as esperanças e sonhos de juventude sobre um mundo ideal de amor e alegria da personagem de Judy Garland em o Mágico de Oz, belamente interpretado na voz e violão de Simara Carlos, prima da noiva. Por falar nela, estava perfeitamente linda. Cabelos, vestido, sorriso, absolutamente tudo. Não contive a emoção e recorri ao lenço generosamente cedido pelo meu avô, minutos antes da minha entrada. Chorei, chorei e sorri. Desse instante em diante, tudo se tornou indescritível...

4 comentários:

Judson Gurgel disse...

Mago, não sei o que me emocionou mais, se foi a cerimônia que tive o privilégio de assistir ou se o teu post.
Em ambas, tive que conter as lágrimas!

Parabéns mano! Que essa felicidade aumente a cada dia!

Guga disse...

Cara,
faz um livro. :)

Anônimo disse...

Mago, fulera. Quer me fazer chorar mesmo, é? Muito bem escrito. Muito mais, bem vivido por você. Cara, parabéns, por ser esse cara altamente que tu és. São poucos que tem esta coragem de falar dos sentimentos e de assumi-los em público. Eu me orgulho de ter amigos assim.
Felicidades aos noivos.

Susana Dantas disse...

Todos choramos com vc.E vc não sabe como ver sua felicidade me fez acreditar que em certo lugar ,ela ainda existe. Seu sorriso é meu sorriso. Te amo meu Mago.